Bem-vindos à nova dimensão... seqüenciador de sonhos online.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Lendas *à fogueira*



"Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual."

De acordo com o folclore judaico, Lilith teria sido a primeira mulher criada por Deus, ela também do barro, e não de uma costela de Adão. Teria se rebelado contra a posição que era esperada dela, deixando o paraíso por conta própria, vociferando contra o Criador. Deus então enviaria três de seus anjos: Sanvi, Sansavi e Samangelaf, para tentar convencê-la a retornar, chegando a ameaçá-la: "Se desobedeces e não voltas, será a morte para ti."

Uma outra versão diz que os anjos mataram os filhos que ela tivera com Adão. Que transformada por aquele ato, ela teria se voltado então, tentando matar os filhos de Adão com sua segunda esposa, Eva.

Está escrito que Samael - o tentador - junto com sua mulher Lilith, tramou a sedução do primeiro casal humano. Não foi grande o trabalho que Lilith teve para corromper a virtude de Adão, por ela maculada com seu beijo. O belo arcanjo Samael fez o mesmo para desonrar Eva e essa se tornaria a causa da mortalidade humana. Segundo a mesma crença, esses dois seres serão aniquilados no fim dos tempos: "Nos tempos que virão, o Altíssimo decapitará o ímpio Samael, pois está escrito: 'Nesse tempo Jeová com sua espada terrível visitará Leviatã, a serpente insinuante que é Samael e Leviatã, a cobra tortuosa que é Lilith'"

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Imagem: Lilith , de ~GENZOMAN

domingo, 23 de dezembro de 2007

Pacto *escrito com sangue de um coração partido*



E veio o demônio de olhos vermelhos, encontrar-me. Ah, eu fugia... sim, logo que o vira, fugia como se pela minha vida. Fugia, porque era tudo que lembrava como fazer, porque achava que era tudo o que deveria fazer. E no entanto, começou a assombrar-me os sonhos, surgir em pensamentos furtivos, na calada da noite. Sim, eu podia sentir aquela memória se apoderar de mim, a memória de seus olhos, de seus lábios, de sua pele. O que poderia me acometer de tal forma, o que poderia tomar meu sangue e fazê-lo correr tão rápido, tão forte? Por quê a mera lembrança, por quê cada palavra que me falava conseguira invocar suspiros que se aproximavam tanto de anseios apaixonados? Quem era o demônio de olhos vermelhos, afinal? Quem me tinha decifrado tão rapidamente? Por quê aquela malícia me trazia delírios?

E veio a confissão... veio a descoberta. Veio a primeira noite, corrida no que pareceram meros minutos, mas sua verdadeira extensão entregue pelo chegar do sol.

Eu acordava, enfim. Olhava dentro de mim e lembrava que já fora eu algum dia também feito de tão pura malícia, da mais sincera e envolvente escuridão. Via sorrir uma pessoa que há tantos anos adormecera sob este peito, forçada a se esconder, na tentativa de "ser melhor", talvez. Mas ninguém foge de si por tanto tempo. E ninguém é melhor quando o faz.

Ela atentava-me mais. Quis ver minhas presas e garras, quis ver tudo que eu algum dia fôra... tudo o que eu já percebia que voltaria a ser, tudo que naquela hora voltava junto às lembranças. E aquele anjo de olhos vermelhos me abraçava, sussurrando ao ouvido palavras de um amor forte, sincero, obscuro, sádico, doentio... e que belas não eram! Que deliciosas não eram as imagens que me trazia à mente!

Um sacrifício... entre nós, havia um sacrifício a ser feito. Doloroso, amargo e necessário.

Mas quão doce não foi o momento de chamá-la para ver. O quanto não brilharam aqueles olhos, na hora que viu o sacrifício... inerte... despedaçado. E pela primeira vez, seus lábios moveram-se naquelas duas palavras, que ali marcavam meu coração a ferro quente: "Te amo". Sorriam os lascivos lábios sob aquelas brilhantes jóias vermelhas. Conseguira despertar, enfim, teu demônio de olhos verdes.

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PS: infelizmente, não sei o nome do autor da imagem, mas dou créditos por ela à senhorita Graziele (a.k.a. Elentary), que foi quem me presenteou-a.

PS2: de presente de natal para todos, o terceiro capítulo de Lara já está online, em: http://olhosdelara.blogspot.com/

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Esquizofrenia *na longa madrugada*

- Por quê às vezes dói, assim?
- Não sei... mas quando dói, é por que se ama, não é isso?
- Ah, sim, é isso mesmo.
- Então reclama dessa dor, não. Por que se a sua aumenta, a outra pessoa sente. Se ela sente doer em você, vai se sentir culpada e achar que também precisa doer nela.
- Ah, mas eu não quero ela doendo! Quero-a sorrindo, sempre, é tão linda!
- Então sorria... se pelo amor a dor passa, imagina a alegria! Não importa a distância, sorria sempre, sorria por ela. Lembre-se do quão gostoso é amá-la.
- Então tá. Promete que ela vai saber que eu rio?
- Prometer não prometo... mas se vc acreditar, já te valerá o teu sorriso.
- Acreditar? Sorrir é um ato de fé?
- Não quando se ama...
- Aaaaaahhh... não entendi.
- Pois é, por isso é amor.
- ........... me abraça?
- Não pede a mim, mas a ela. Fecha teus olhos e vai de encontro aos braços que ama.
- E isso não é um ato de fé?
- Fé tem pouco a ver... mas é um ato de devoção.
- E como faço para ir dormir?
- Convence-te de quem te espera em seus sonhos. E saiba que lá ela estará.
- ........... boa noite, então.
- Lindos sonhos, guardião.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

haikai X *no preceder de lágrimas*

E ela viaja, vai
mas que merda, eu fico
que feliz natal?

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Sonhos de Outrora II *sangue às paredes*

O imenso Troll desmaiara em meio ao bosque, pouco depois de ambos constatarem o quanto já se haviam afastado daquele castelo de pedras negras e frias. Seus ferimentos o tinham vencido, ao menos pelo resto daquela tarde, e ele agora jazia caído ao lado da bela elfa que tanto lutara para salvar. A Sidhe vertia lágrimas, vendo o quão machucado aquele corpo estava e o quanto o esforço de ir resgatá-la havia custado ao seu amado guardião azul. Ele estava tão diferente de como ela se lembrava, mas tinha certeza de quem era. Aqueles toques, aquele abraço e aquele beijo intenso que partilharam em meio à escuridão abafada dos calabouços, que ela jamais esqueceria. Ele finalmente viera salvá-la daqueles captores horrendos, daquela prisão que conseguira quebrar-lhe a vontade. Levava uma mão ao peito, sentindo o pequeno corte onde teria cravado a adaga até o fundo, desistindo de tudo e todos, se ele a tivesse alcançado talvez dois segundos depois.

- Você veio... tanto tempo eu esperei... achava que não havia mais como. Que poderia me ter esquecido, amado. Que poderia não mais alcançar-me e nossas juras de tantas vidas tinham nos abandonado. Me desculpe, meu querido Troll, se eu quase desisti de olhar em teus olhos uma vez mais! Não me deixe só, aqui, por favor levanta e abre teus olhos nesse cair da noite! - O corpo cansado dela desabava sobre aquele tronco imenso, azulado, em meio às súplicas por um suspiro que fosse, dos lábios dele. Quantas batalhas e inimigos não haviam superado juntos, no passado! Ele jamais a abandonara e por tantas vezes se colocara no caminho de qualquer agressor que poderia feri-la. Não haviam tido tempo sequer de conversar e ela sentia tanta falta daquela voz grave e forte do imenso guerreiro. - Por favor, não me deixa sozinha aqui, não de novo... eu não posso mais, meu guardião. Meu amado e feroz caçador. Eu... eu preciso... de você.

Em meio ao soluçar incontido, ela sentia uma mão tocar-lhe as costas e enfim sorria, buscando aqueles olhos de um verde tão profundo e deixando as lágrimas ganharem um tom bem diferente, enquanto se acomodava sobre aquele corpo imenso, marcado e ferido. - Eu nunca a deixei, minha bela dama. Sempre a busquei, mesmo quando não sabia exatamente a quem buscava. - Ele tocava aqueles cabelos e deixava seus dedos grosseiros deslizarem pelo toque tão macio deles... sorria para ela, com os olhos imensos fitando-a, tão feliz de finalmente poder ouvir a voz daquela que tanto sacrificara para encontrar. - Me desculpe se eu demorei, amada Sidhe. Mas precisava antes descobrir quem eu era, para entender o que meu coração sempre buscara, desde o começo. Mas nossas juras, essa promessa que nos une... jamais se apagou... hoje eu entendo porque meu peito estivera sempre tão incompleto. - Aquela grande mão azulada tocava o peito da elfa e o Troll apenas sorria, de um modo tão fraco, sentindo suas forças se esvaindo aos poucos. - Eu não posso continuar, agora... meu corpo se recusa a obedecer... eu... me desculpe, amada Sidhe...

Por um momento ela sentia uma pontada de desespero em vê-lo fechar os olhos, sob as copas daquelas árvores, mas encostava-lhe o ouvido ao peito em meio a um abraço tão forte e apaixonado e podia ouvir o bater daquele coração forte de seu guerreiro. Ele se havia esgotado e ela sabia que ainda poderiam estar sob perigo, mas sussurrava. - Descansa, meu amado... não deixarei que nada lhe aconteça... não agora que finalmente estamos juntos, uma vez mais. - Um som, um estalido em meio ao bosque anunciava que os dois não estavam sozinhos. Ela deixava os olhos percorrerem as sombras daquelas árvores e estreitava-os para enxergar um pouco além, percebendo a movimentação. Não saberia precisar quantos eram aqueles vultos, mas por um momento sentiu que isso não importava. Cansada, maltratada e ainda aturdida, ela alcançava a arma de seu amado Troll, aquela lâmina que atravessara exércitos, levando-o até ela. Precisava das duas mãos para empunhá-la e via o quanto o aço ainda luzia ao brilho do entardecer. Algumas ranhuras ao longo do fio, a ponta quebrada da qual espalhavam-se pequenas rachaduras que aos poucos despedaçariam aquele metal... mas a arma ainda suportaria aqueles golpes. Como tantas vezes antes, se tornava ali uma amazona de olhar selvagem, desafiando quem fosse.

- Por ti, meu nobre guerreiro... - Mordia o lábio inferior, contendo um urro de fúria e deixando a lâmina faiscar contra o chão, correndo para punir aqueles agressores. Contaria um corpo para cada ferida de seu amado. E tinha certeza que não haveriam corpos o suficiente.

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Ao final daqueles riscos de sangue, o anfitrião ainda desenha traços pelas paredes da caverna, sabendo que nunca conseguirá escrever o suficiente, deixando seu imenso punho direito, de pedra, continuar a missão de passar a quem quiser ler o significado de cada uma daquelas batalhas. Mas deixava-se sorrir, para aqueles que tão longe haviam chegado dentro de sua caverna.

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PS1: imagem - Melly de *Hito76

PS2: esse conto é uma continuação do post Sonhos de Outrora

PS3: para quem esperava o segundo capítulo do livro de Lara, já está no blog http://olhosdelara.blogspot.com

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Subversão é sabonete II *ecoa a risada de Tyler Durden*

O mundo está convidado a ver o tolo bufão apaixonado! Por quê? Por que este palhaço não teme as caras e bocas que faça por tal amor! Por que a vida não existe por outro motivo, senão ser vivida na verdade dos sentimentos, na sinceridade daqueles capazes de vestir o próprio coração e sair pelo mundo, em piruetas apaixonadas, acrobacias furiosas e chuvas de lágrimas. Não há qualquer fuga em ser quem seu peito manda ser. Não há medo algum, nos olhos de quem sabe ser o que quer, não o que precisa ou deveria ser. Que vida tão ridícula é a pintada em quadros! A monotonia de viver emoldurado, belo, estático e perpétuo. Onde está a arte pela arte? Onde está a arte pela vida? Senão em tudo aquilo que começa por um sorriso, constrói-se em suspiros e só então parte para os sentimentos de cada um.

O que você deixa criar raízes em você? Eu gosto do que cheira bem...

haikai IX *carregado pela tempestade*

Ontem tão forte
chuva sem guarda-chuva
acordo e espirro.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Ecos de outra caverna *sussurros no vento*

*off-topic

Recebi um presente de natal adiantado muito especial, mas que simplesmente não cabia no contexto desse blog. Para quem quiser conferir (e, meninas, não o façam as que possam se sentir facilmente ofendidas), postei-o em meu blog mais voltado para tal temática: http://olhosdelara.blogspot.com/

Espero que curtam. Hahahahahahahaha!
Feliz natal.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Subversão é sabonete I *ecoa a risada de Tyler Durden*

De que vale a biologia, àqueles que não se deixam ser belos?
O que têm vocês na cabeça, que lhes faça valer seus corpos?

Me desculpem os feios, mas a beleza é sim legal.
Me desculpem os burros, mas cabeça é fundamental.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

haikai VIII *sussurro de Espírito*

Ser bom com o bom
fosse só isso era fácil
tente sê-lo ao não-bom.

Síndrome de Quixote *marcado na pedra*

Mira sus enemigos, muertos
En su mano la espada y la sangre
Mira sus compañeros, muertos
En su panza la herida y el hambre

Levanta ahora, caballero, y lucha
Hay mucho que luchar, por su cordura.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

haikai VII *sussurros de espíritos atormentados*

Batuque infernal
tudo pulsante e podre
funk ou pagode?

Caça e caçador *em pedaços de pano rasgados*

Como um predador, sinto teu cheiro e teu medo. Perdendo-me na vontade de saborear teu corpo. Em um primeiro toque, açoita-te a vontade de fugir, como presa. Em seus olhos, fascina-me ainda mais a resistência ao momento.

Faminto, invasivo, voraz, ludibrio-te com um beijo. As mãos trilhando os caminhos de teu corpo, esquivando-se de pano, dedos e renda. De teus lábios, em uma voz hesitante, saltam desculpas e defesas. Tua mente teme e tenta ganhar tempo. Teima em admitir a loucura do cio e render-se em total entrega ao momento. Cala-te um novo beijo, uma mordida em teu pescoço, como o bote que derruba a caça. Em meus olhos, a loucura há muito instalada festeja teu sabor e tua pele.

Ainda debate, um pouco, relutando em aceitar o que teu corpo exige. A pele exposta, delicada e vulnerável, sob dedos que já conhecem teus segredos. A barriga treme com o toque suave, num misto de prazer e cócegas, da carícia que quase não sente, disfarçada de veludo. Os protestos ficando fracos, letárgicos... provocantes. Todos os "nãos" assumindo-se os "sims" que foram desde o começo. As carícias como correntes invisíveis, prendendo-te ao prazer e ao agora.

Mais um beijo cala teus protestos em definitivo. Os lábios por você toda, brincando com a intimidade de segredos e juras de paixão. Cobrando-te cada vez que já tenha pedido mais. Pousando em teus seios, em beijos de língua, saliva, e mãos. Jaz a presa, abatida em golpes certeiros, desejando o inexorável fim. Donde vinham protestos, pedidos misturam-se a gemidos, suspiros incontidos. Brinco com teu corpo e me inebrio em tuas palavras, que pronuncias quase sem pensar.

Implora que te tome, te faça minha não só agora, mas sempre. Demoro-me em saborear e tocar seu corpo... as roupas já no chão, ao lado da cama, esquecidas. Espero que teus olhos me digam que nada mais existe. Apenas nós dois. E ouço-te jurando que a terei para sempre, sempre que quiser. Teu corpo entregue a meus dedos, que brincam de te dar o que tanto pedes. Provocando-te até que a presa se faça também predadora. Querendo me perder junto a ti, nas tuas unhas, garras e presas.