Bem-vindos à nova dimensão... seqüenciador de sonhos online.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

haikai XIX *suspira o soldado caído*

o foda é isso
as decisões difíceis
morrer ou matar

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Transitologia *meio insano, meio tolo*

O trânsito é algo brutal. Todas as grandes capitais do Brasil e do mundo sofrem com o tempo que ele custa, os atrasos e a insatisfação de filas imensas de carros pelas ruas, tentando se apertar em direção ao trabalho, aos estudos ou ao que quer que seja. Mas me pergunto em quantos lugares ele pode ser tão incômodo quanto por aqui. É tudo um problema com a escrita, sabe? Não? Então você deve ser dessas pessoas sortudas que não lêem o que está escrito à frente. Isso mesmo, “à frente” leva crase.

Não, não vou cobrar que a média da população brasileira saiba de cor as regras de uso da crase, disso eu já desisti. Alguém algum dia decidiu que a crase é um agudo afrescalhado e, seja quem for, está conseguindo convencer cada vez mais pessoas. Esqueça as musiquinhas idiotas que você decorou para suas provas e cursinhos. “Se quando eu venho, venho DA, quando eu vou, craseio o A. Se quando eu venho, venho DE, quando eu vou, crase pra quê?” Está bem, coisa assim é difícil esquecer, concordo. Mas já desisti de brigar por esse pobre e menosprezado acento. Que se dane a crase, ela é uma causa perdida.

De qualquer maneira, os erros ortográficos no trânsito não são piores que o tom de certas mensagens. Uma kombi outro dia me falava que “Não sou rico, só trabalho muito”. Fiquei um tempo pensando na mentalidade que leva a uma oração desse tipo. De alguma forma, fomos ensinados a crer que ter dinheiro e uma vida confortável nada têm a ver com o trabalho. Todo rico é trambiqueiro, safado, ladrão e cretino. Chamar alguém de rico é uma verdadeira ofensa, aliás. Acho que o problema é antigo. “Mais fácil um camelo passar pelo olho de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus” é tudo o que vagabundo quer ouvir, não é mesmo?

Voltando ao trânsito, entretanto, a grande campeã das ofensivas leituras de traseira se multiplica pelos táxis de todo o país: “Cuidado. Táxi sujeito a paradas repentinas. Dirija defensivamente”. O aviso é claro e sincero, convenhamos. É praticamente como se o taxista estivesse em cima do carro, sacando o florete e gritando EN GARDE. Se ele te manda se defender, é porque ele vai atacar. Ah, se vai! E pode ter certeza que será impiedoso - e sem seta. Muitos taxistas, aliás, devem ter sua genealogia traçada de volta à linhagem de Genghis Khan, não é mesmo? Se for esse o caso, vamos aprender Kung-Fu, meu amigo motorista. Somos chineses, afinal.

 

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Publicado na edição de junho do fanzine Elefante Bu. (veja o link na barra lateral) Mais uma, aliás, cheia de ótimas e interessantíssimas leituraS.

haikai XVIII *no panfleto, ao vento*

vida tosca
permanecer calado
o único direito

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Visões do mundo *no espelho d'água*

A releitura que estou fazendo de Alice no País das Maravilhas, junto à maravilhosa Tyr Quentalë, já ganhou seu segundo capítulo, pessoal. Dêem uma passada por lá e espero que gostem. Sei que estou me divertindo muito, com essa proposta.

Capítulo I
Capítulo II

Não esqueçam de deixar por lá suas opiniões. Se quiserem comentar aqui, tbm, claro q não irei me importar. *rs*

Peço desculpas pela ausência essa semana, mas está bem corrida e fiquei sem acesso em casa. Mas já estou de volta, prometo.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

haikai XVII *escrito em sangue, na pedra*

homens armados
dominarão o mundo
com tinta e papel

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Mensagem *presa à flecha do cupido*

A todos os que neste dia têm em quem se acolher, muito carinho e um caminhão de olhares apaixonados. A todos, todos mesmo, muito amor, sempre. Pelo próximo, por si mesmo e pela vida.

Feliz dia dos namorados, pessoal.

...

Ah, e para quem não gosta da data, feliz dia da consciência solteira. Nada mais justo, não acham?


Valentine Nuzzle by *WildSpiritWolf, on deviantART

quarta-feira, 11 de junho de 2008

haikai XVI *no mural da igreja*

após a missa
sexo ao confessionário
cordeiro de Deus

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Bestiário II *de um tomo antigo e empoeirado*

PRINCESA PORNÔ
- humanóide bissexual desencanada
Habitat: imaginário masculino e festas de pijama
Organização: solitária, dupla, suruba 
Tesouro: "tudo o que você quiser, amor"

 

Um típico exemplar de construto imaginário masculino (especialmente em noites solitárias de sábado), a princesa pornô faz o tipo "dama na rua, vadia na cama". Ela não tem medo das próprias fantasias mas, mais importante que isso, faz questão de saber e realizar as do companheiro. Defensora de um relacionamento liberal, é bissexual, mas o único homem que consegue satisfazê-la é o seu. E mulher alguma a faria tão completa.

Ser supostamente em extinção, alguns afirmam que pode ser vista em bandos, em míticas festas de pijama, trajando não mais que roupas de baixo e praticando seu esporte favorito: briga de travesseiros. É nessas festas, teoricamente, que elas buscam outras bissexuais desencanadas para oferecer ao parceiro, em uma imensurável prova de amor incondicional e hedonismo sem limites.

Ela tem seus problemas, mas é mulher tão independente para resolvê-los quanto dependente do outro para quaisquer decisões que envolvam planos para o final de semana. Trabalha o suficiente para pagar todas as suas frivolidades (que não são baratas) e ajudar com as contas, mas não ganha mais que seu companheiro e tem plena noção que o trabalho precisa estar em segundo lugar, podendo inclusive sacrificá-lo em prol de "umazinha depois da hora do almoço".

Adora todas as baboseiras infantis e insípidas que seu parceiro queira assistir no cinema e na televisão e acha filmes românticos apenas uma boa desculpa para uns amassos no escurinho. É desencanada o suficiente para tratar todos os seus amigos como se fosse um deles e gostosa o suficiente para causar-lhes inveja. Afirma achar que o Rodrigo Santoro ou o Brad Pitt até são bonitos, mas não devem ser verdadeiros, mas concorda com seu companheiro que beijar a Angelina Jolie deve ser o máximo.

Essa Amélia da nova geração considera o pensamento metrossexual "coisa de enrustido" e acha o comportamento desleixado do parceiro um charme. Ah, e claro que ela aprendeu a beijar com uma amiga da escola e está disposta a contar EXATAMENTE como foi.

Peach_by_KidNotorious
Peach by *KidNotorious on deviantART

 

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Veja também:
Bestiário I: Príncipe Encantado

Motivação *de um disco arranhado*

- Meu filho, o que me preocupa são esses amigos, o pessoal com quem você anda, sabe? É uma geração que não liga pra vida. Você, por exemplo, eu vejo jogando fora suas chances de ser bem sucedido.

- Impressionante.

- Na minha época, a gente tinha metas, objetivos, sabia o que ia fazer da vida. Na sua idade, eu já estava casada, tinha uma vida começando, sentia que estava indo a algum lugar. Vc se sente indo a algum lugar, meu filho?

- Impressionante.

- Vejo o seu irmão e me preocupo muito, mas ele pelo menos se esforça, ele se formou, está batalhando demais mas está finalmente conseguindo algo. E você, meu filho?

- Impressionante.

- Aquela menina com quem você namorava, ela não era mesmo pra você. Uma mulher independente, formada, trabalhando bem, estável. Ela não ia aturar muito o tipo de programa da sua patota, de "ficar em casa porque estou sem grana", é normal. Se você não tivesse terminado com ela, logo logo ela se cansaria e terminaria com você, de qualquer maneira.

- Impressionante.

- O quê é tão impressionante assim, meu filho?

- Que com tamanho exemplo e portador de imensa incompetência, eu ainda consigo aceitar contratos para treinamento motivacional e meus clientes fiquem tão satisfeitos. Vai ver são meus olhos verdes.

Deserdado, nosso herói de terno passou a trilhar os tortuosos e incertos caminhos da consultoria full-time. Tyler Durden ficaria orgulhoso do medíocre que ele se haveria tornado.

domingo, 8 de junho de 2008

Visões do mundo *no espelho d'água*

Fui convidado para escrever um conto a quatro mãos, com a talentosíssima e vitaminada autora do blog Floresta Negra. É uma releitura bem incomum de Alice no País das Maravilhas e o primeiro capítulo já está online.

Espero que gostem. Eu me diverti muito, escrevendo.

Frases *riscado em uma mesa de boteco com U*

"Se entrou no prédio errado, qualquer andar vale."

- Zeca Pagodinho

Que carta define o Troll?

Você é O Sol | You are The SuN

Felicidade, Satisfação, Alegria. | Happiness, Content, Joy.

Os significados do Sol são bem simples e consistentes. | The meanings for the Sun are fairly simple and consistent.

Jovem, saudável, novo e leve. A mente em atividade, coisas antes obscuras se tornam claras, tudo se encaixa e parece ajudar. | Young, healthy, new, fresh. The brain is working, things that were muddled come clear, everything falls into place, and everything seems to go your way.

O Sol é uma carta regida pelo Sol, claro. Ele é a luz que chega após a longa noite escura, é Apolo, como Diana é a Lua. Uma carta positiva, promete a você o seu dia de sol. Glória, ganho, triunfo, prazer, verdade, sucesso. Enquanto a lua simbolizava inspiração subconsciente, dos sonhos, essa carta simboliza descobertas feitas em plena consciência, acordado. Você tem uma compreensão e apreço pela ciência e matemática, músicas de bela composição, filosofia cuidadosamente pensada. É uma carta de intelecto, clareza mental e sensações de uma energia jovial. | The Sun is ruled by the Sun, of course. This is the light that comes after the long dark night, Apollo to the Moon's Diana. A positive card, it promises you your day in the sun. Glory, gain, triumph, pleasure, truth, success. As the moon symbolized inspiration from the unconscious, from dreams, this card symbolizes discoveries made fully consciousness and wide awake. You have an understanding and enjoyment of science and math, beautifully constructed music, carefully reasoned philosophy. It is a card of intellect, clarity of mind, and feelings of youthful energy.

What Tarot Card are You?
Take the Test to Find Out.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

"Berçoquê?" *impresso em um panfleto velho*

Outro dia ouvi uma criança fazer essa pergunta ao pai, no metrô, enquanto ele tentava ensinar-lhe o hino nacional. “Esplêndido, meu filho. Deitado eternamente em berço esplêndido. Quer dizer que o nosso país é lindo”; “Mas pai... por quê então deitado? O berço não fica feio, se ninguém cuidar?”; “É o hino, filho”. Pois em sua inocência, não é que essa criança falou da crise política, da violência, da impunidade, mesmo sem querer? E o pai, da mesma forma, evocou o típico descaso que a sociedade e o poder público insistem em demonstrar. Aliás, adoro quando retrucam dizendo que “outros roubaram, antes de mim”. Uma justificativa fenomenal, realmente. Então me entendam quando eu disser que a Terra é chata. Afinal, outros pensavam assim antes de nós. Galileu, coitado, queimou à toa.

Mas sem divagar demais, voltemos ao berço. Não é problema algum que ele seja esplêndido. Aliás, adoro isso. Realmente, nosso país é lindo, o pai daquela criança estava certo. E, se querem nos tratar como crianças, que seja com muito paparicar, certo? Adormecer no esplêndido é o mínimo. O problema que tenho com essa frase é o estado em que ela coloca a nação: deitada. Não se enganem, eternamente não vai só até amanhã. Então quem cuida de tamanho esplendor, quando não fazemos questão alguma de levantar e viramos para o outro lado, continuando a soneca?

Algo que notei, deitado no meu cantinho do berço, é que ninguém troca essa fralda já faz um tempo. Tem tanto imposto nela que eu acordo todo dia assado. Sabe Tiradentes? Joaquim José da Silva Xavier? Ele morreu protestando contra 20% de impostos. Ah, que sonho, meu amigo dentista! Eu queria que me roubassem tão pouco. Dinheiro pago ao governo que não se vê aplicado em NADA não é imposto, é roubo dos mais descarados. Que eu saiba, não pago pra eles brincarem de polícia e ladrão no Distrito Federal, pois sei que no final da brincadeira a cadeia volta a ser só outro canto do playground.

Mas nossos políticos são assim, não é isso? A cada eleição, só dá pra votar em pilantra. Esse é o hino? Ah, olha, outra opção tem que haver. Da desobediência civil contra impostos abusivos até atos de repúdio social a essas pessoas, acredite que opções existem e várias não te colocam na cadeia. Mas o berço está tão confortável. Por quê agir, afinal, se no fim sempre se dá um jeitinho? É essa vida de ‘vai levando’ que provavelmente explica o olhar do resto do berçário, que parece não nos levar a sério.

Afinal, por trás de tantas reclamações, o quanto você está disposto a vencer a inércia e agir, pelos seus direitos? Um amigo de longa data entrou concursado em uma vaga de hospital público. Hoje se gaba: “trabalhar mesmo eu só trabalho umas duas horas por dia, o resto lá é relax”. É uma pena que os meus impostos paguem o salário dele e, no entanto, eu não possa demiti-lo. Mas tenho o péssimo hábito de não ficar calado. E desde então, ele não comenta mais comigo sobre trabalho. Um pacto de não-agressão mútua.

Então não são apenas os nossos políticos, não acha? Há um longo histórico de indolência da sociedade brasileira, uma escalada do descaso que nem adianta discutir ovo e galinha pra culpar alguém. Já não interessa de quem seja a culpa e quem tenha começado isso, mas sim quem precisa agir para remediar o estado das coisas.

Uma pessoa só não faz a diferença, é isso? Tiradentes pelo menos tentou. E se você precisa de motivação, levanta e vai virar feriado. Garanto que multidões aguardarão ansiosamente o seu dia, pra não irem trabalhar. Mas a criança do metrô, essa talvez não.

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Crônica publicada na edição n° 33, de aniversário do fanzine Elefante Bu. Quem não tiver lido, eu recomendo. E aproveitem para baixar a 34.

Boa leitura.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Café da manhã *a 150 por hora*

O mundo passa rápido, pela janela.
O rádio berra metal no meu ouvido.
Tudo borrado, nessa mesma pressa.
Esse som que me infecta e eu grito.

Frenético e confuso, eu me perco.
E a manhã, essa que mal começa.
Mas vou chegar onde eu preciso.
E lá, vou controlar minha cabeça.

Maldito Red Bull, às seis da manhã.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

haikai XV *no quadro negro*

se eu não mais penso
pois assim me proíbem
nada me define