Sem eira nem beira…
Assim sentia-se, pois assim sempre fôra, realmente. Corria feito criança, mergulhava em sonhos de grama, lama, mato e barro e limo. Não se perdia em lugar algum, pois tudo era quintal no mundo atrás da casa, do prédio, da vida. Ah, sim, ele trazia muita vida atrás.
A eira, que não via da beira, pouco importava. Só impulso tomava e à lâmina deslizava. Debatendo braços e pernas, nadava. Nenhuma preocupação, fosse as pedras à frente, fosse a perda do calção. Simplesmente era, cheio de sorrisos raros e inocência sincera, das que doem quando se abre a boca.
Não haviam saltos. Ele se jogava no chão e errava, pra voar. Simplesmente se destraía demais, pra ver-se ir de encontro a algo tão sólido.
Era grandioso… e é, na verdade. Mas assim, diminuto, aproveita melhor o espaço que resta, então não faz questão de ser grande, pra poder descobrir cada fresta, rindo besta. Espera… mas não espera parado porque no fundo acha chato.
Não era nada e é tudo, ainda que por vezes mudo. Ainda que pareça supérfluo. Se alimenta de tolices, porque são doces.
Espera… mas não muito, porque desperta quando quer.
É criança, é besteira, é bufão… me rasga o peito.
“I´m wearing my heart, like a clown.”
+Howl and Calcifer+, de ~Orenji-kun no deviantART.
6 comentários:
Este texto lembrou-me uma vez em que fui a Santa Rita do Sapucaí e, passando sobre a ponte do rio, um bando de meninos pendurados em cordas saltavam para o rio. Depois nadavam novamente até à margem, agarravam-se nas cordas e se lançavam novamente naquele rio cor de barro.
Claro que fotografei! :) Era o único jeito de roubar um pouco daquela alegria tão genuína, levar comigo e, de certa forma, eternizá-la.
beijocas, nino!!!
O Ser tudo, tornando o nada em tudo também, o nunca parar, o viver, o curtir. A criança presente, ausente, marcante e novamente presente, na eterna brincadeira de brincar. A liberdade, a insanidade os risos do jamais despertar.
Ao contrário "deste Rufião"
Oi, Rei!
E, sem lenço nem documento, sem eira nem beira eu beiro, na beira dos precipícios e uso as vestes da minha pele e levo nas mãos e no peito, o meu coração. Pulsando como um coração, bombeando como um coração lá vou...
Esse texto é um ecocardiograma.
Beijos,
É nessa época que se é feliz e ninguém te diz.
Abraço.
É uma delícia esse post amor ... de uma liberdade ímpar.
E o Calcifer , fofo!
MAMA:
E quem somos? Quem nos tornaremos, se não pararmos de vez em quando pra roubar um pouco da alegria do mundo?
TYR:
Despertar pra quê, não é mesmo?
MAI:
Meu cardiologista ficaria orgulhoso, talvez? *rs* Beijos, caríssima, sempre.
FABIO:
Dizem sim... a gente que não quer ouvir.
AMADA:
Achei que o Calcifer falaria bem, com essas palavras.
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