- Acredita que ela nem estava me ouvindo, e eu ali abrindo o peito pela primeira vez desde que tínhamos nos conhecido?
- Ã-hã… e isso te chateou, né? – A voz saíra mais entediada do que ela queria, mas aparentemente o outro não notara. Continuava apenas falando, no mesmo tom irritado.
- … sabe como é difícil, porque tipo assim…
Tentava se concentrar no que estava fazendo, mas também não queria irritá-lo ainda mais, então precisava continuar balançando a cabeça e comentando a respeito.
- Sei, sei… é foda, isso. – O que quer que fosse, aquela resposta caberia. Ao menos até que o tom de raiva de seu interlocutor recedesse. Aí sim, teria que prestar mais atenção.
- … e pôxa, eu não estava pedindo nada de mais, né?
- Claro… que não. Claro que não! – Um deslize. Precisava terminar rápido, para poder estar atenta a ele. Só mais um pouco… sentia aquela pressão aumentando e seus dedos aceleravam-se, naquele vai-vém cada vez mais difícil. Não podia parar agora. Quase lá.
- Mas aí você vê… ela me traiu… e agora, aqui estamos nós.
- Sim, claro… e eu quero te ajudar. – Boa resposta! A pressão enfim cedia, ela respirava mais fundo que nunca e girava seus braços na direção dele sem nem pensar exatamente no que estava fazendo… gritavam, os dois.
As cordas caíam ao chão, bem pouco antes dele. Ela corria para fora, daquele quarto escuro, enfim… os dedos sangrando, cortados pelo mesmo caco de espelho que lhe dera liberdade.
- Obrigado… – Ele ainda balbuciava, quando enfim percebeu que era o próprio sangue, ao seu redor, no chão.
Murder, de ~XPeaceXLoveXRawrX no deviantART.
7 comentários:
Muito forte...
beijo,
Bia
ô.o uma vítima que escapara do predador?
BIA:
De vez em quando, ser visceral não é escolha. ;-)
TYR:
Para tornar-se um novo tipo de predador, cara Tyr. E quem para dizer que não será ainda pior q o último?
Super texto que você criou. Um final bem foda, do jeito que eu gosto.
Adorei...
BeijooO'
VALÉRIA:
Um pouco de choque nunca fez mal a ninguém. Pelo contrário, desperta percepções.
Obrigado, minha cara.
Puxa! Adorei este! Diálogo tão provável numa situação banal, mas mais que perfeito numa mente frenética em busca da liberdade. Muito bom!
MAMA:
Acontece q o final não existia, quando comecei a escrever. Foi um desses acidentes da escrita. Adoro, quando isso acontece!
Postar um comentário