quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Weaver
A dor é lancinante.
O cheiro é o meu sangue... ferro. Escorrendo pelas finas cordas como extensão de mim, querendo pintá-las. Como vibram! Essa melodia de estrofes precisas escondidas no caos, cortando dedos em desafio à carne. Um correr súbito queima, uma linha fugidia, antes que eu consiga puxar e retomar o controle. Os dedos se fecham mais, ignoro a dor.
Quisera puxar tudo à frente e fazer das linhas cordas. Das cordas, arreios. Mas não funciona assim. É um composto de forças, tensões, conexões. Qualquer linha que arrebente e é um mergulho em desastre. A história do mundo é feita de desastres e escrita por quem correu mais rápido. A primeira linha partida libera a tensão de tantas outras. Tudo posto em movimento rápido demais e sou eu retalhado no chão.
Não. É só ouvir a melodia. Esperar a próxima estrofe conhecida e fechar os olhos para o refrão. Deixar correr as linhas que se ameaçam partir, ainda que a dor seja contra. Não é puxar para si nem ver todas as linhas... é alcançar as que importam e tomar-lhes o rumo, em pequenos toques. Entender onde as notas se repetirão. Eliminar dissonâncias da pauta original.
É tudo tão sutil... como precisa ser com as coisas belas... como os verdadeiros males também o são, quase dormentes. Mas volto a reconhecer os tons. O cheiro incomodando mais que a dor, no respirar fundo.
Cabeça, enfim, fora d'água.
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