domingo, 23 de dezembro de 2007
Pacto *escrito com sangue de um coração partido*
E veio o demônio de olhos vermelhos, encontrar-me. Ah, eu fugia... sim, logo que o vira, fugia como se pela minha vida. Fugia, porque era tudo que lembrava como fazer, porque achava que era tudo o que deveria fazer. E no entanto, começou a assombrar-me os sonhos, surgir em pensamentos furtivos, na calada da noite. Sim, eu podia sentir aquela memória se apoderar de mim, a memória de seus olhos, de seus lábios, de sua pele. O que poderia me acometer de tal forma, o que poderia tomar meu sangue e fazê-lo correr tão rápido, tão forte? Por quê a mera lembrança, por quê cada palavra que me falava conseguira invocar suspiros que se aproximavam tanto de anseios apaixonados? Quem era o demônio de olhos vermelhos, afinal? Quem me tinha decifrado tão rapidamente? Por quê aquela malícia me trazia delírios?
E veio a confissão... veio a descoberta. Veio a primeira noite, corrida no que pareceram meros minutos, mas sua verdadeira extensão entregue pelo chegar do sol.
Eu acordava, enfim. Olhava dentro de mim e lembrava que já fora eu algum dia também feito de tão pura malícia, da mais sincera e envolvente escuridão. Via sorrir uma pessoa que há tantos anos adormecera sob este peito, forçada a se esconder, na tentativa de "ser melhor", talvez. Mas ninguém foge de si por tanto tempo. E ninguém é melhor quando o faz.
Ela atentava-me mais. Quis ver minhas presas e garras, quis ver tudo que eu algum dia fôra... tudo o que eu já percebia que voltaria a ser, tudo que naquela hora voltava junto às lembranças. E aquele anjo de olhos vermelhos me abraçava, sussurrando ao ouvido palavras de um amor forte, sincero, obscuro, sádico, doentio... e que belas não eram! Que deliciosas não eram as imagens que me trazia à mente!
Um sacrifício... entre nós, havia um sacrifício a ser feito. Doloroso, amargo e necessário.
Mas quão doce não foi o momento de chamá-la para ver. O quanto não brilharam aqueles olhos, na hora que viu o sacrifício... inerte... despedaçado. E pela primeira vez, seus lábios moveram-se naquelas duas palavras, que ali marcavam meu coração a ferro quente: "Te amo". Sorriam os lascivos lábios sob aquelas brilhantes jóias vermelhas. Conseguira despertar, enfim, teu demônio de olhos verdes.
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PS: infelizmente, não sei o nome do autor da imagem, mas dou créditos por ela à senhorita Graziele (a.k.a. Elentary), que foi quem me presenteou-a.
PS2: de presente de natal para todos, o terceiro capítulo de Lara já está online, em: http://olhosdelara.blogspot.com/
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5 comentários:
"Mas ninguém foge de si por tanto tempo". Troll belo presente de natal este post, por que não dizer profundo e intenso!
Um feliz Natal repleto de amor, saúde e paz!!!
Beijos e flores!!!
Lindo post!
adoro saber q homens se apaixonam desse jeito e se entregam.
o amor é feito de entrega.
Um natal mais q feliz p vc e sua família!
Um 2008 com muito amor, saúde e felicidade!
beijos!
Hummm num sou tão boa com as palavras assim pra falar algo profundo pelo texto lido... Só digo que... Me identifiquei com ele... Mais do que vc pode imaginar... x] Me fez pensar em algumas coisas.
Bem eu vou começar a ler o "Lara" e comento por lá mesmo.
Beijoooooos e agora Feliz Virada de Ano x].
Escreves esplendorosamente, sabias?
É agradabilíssimo ler palavras tão simétricas, frases fortes, verbos certos...
Gostei!!!
Abraços,
Bruna.
Quão gostoso, foi escutar este conto, enquanto meu corpo descansava sobre uma cama e acariciavas meus cabelos, sussurrando as palavras aos meus ouvidos. Os corpos cansados, nesse amor de entrega e devoção, onde os predadores se provocam, sendo presas e predadores, de tão bela narração. Amo-te demais meu Amado Troll, meu demônio de olhos verdes.
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