Quantos eram?
O abrir dos olhos é como o despertar à vergonha... de entender tão pouco o que tem na memória e tanto as sensações de seu corpo. O dolorido... o toque do chão gélido, que furtivamente lhe alcança a pele mesmo onde deveria haver o tecido do vestido a protegê-la, tão frágil. O rasgo sobre o seio direito deixando seu róseo coral roçar o concreto, doloridamente, quando ela tenta mover-se para olhar em volta. Tudo tão vazio.
Lembrar das sensações ainda faz seu corpo tremer, algumas vezes, enquanto os dedos fecham-se e lhe dão um parco apoio para começar a erguer o tronco. Pode sentir o suor seco sobre a pele, incômodo, e sabe que nem todo ele é realmente seu. O cheiro forte que ainda preenche o ar daquele lugar por onde as sombras de sua humilhação parecem começar a se estender.
Os degraus... por onde foi trazida, quase arrastada, enquanto todas aquelas mãos lhe rasgavam o vestido e buscavam caminho por sobre seu corpo. O estrado de madeira onde fôra jogada deitada, surrada e amarrada... as cordas que o haviam erguido no ar ainda estavam passadas por sobre as grossas vigas de metal, do teto. A cêra das velas, abundante sobre aquelas ripas sujas, de tantas cores quanto os flocos que teimavam em soltar-lhe da pele de quase todo o corpo, como se ela fosse uma cobra na muda.
O calor às nádegas, ao rosto, aos seios e às costas... lanhos reclamando em dor aguda, de cada novo movimento do corpo, mas ela conseguia enfim apoio para tentar ficar de pé. A sensação a seguir, do juntar das pernas em busca de apoio, a tomava de assalto. Violada e dolorida, podia sentir escorrer de cada canto e esconderijo do corpo o prazer de todos aqueles agressores, e o cheiro de sexo se tornava repentinamente tão mais forte... desabava ao chão, como se tomada do desespero de sua condição.
Contra alguma parede, aquela parte havia começado... usada, manuseada e arrastada, haviam-na violado em quase todo o lugar, onde quer que tivessem apoio para alguma nova perversão... até que no chão, todos se tornaram cães e no ataque do súbito cio começaram a tomá-la e mordê-la e disputar cada pedaço de seu corpo. Cães... animais, bestas... irracionais. E ela, sua rainha. Seu objeto de veneração, como uma Deusa... como Alice, um poço de sanidade em meio ao mar caótico dos hormônios daqueles a quem ela havia buscado e provocado.
Da humilhação, nascia o brilho aos olhos... da cêra endurecida sobre a pele, a mulher com jeito imenso e poderoso de mítica serpente marinha levantava-se, trocando de pele. De seu corpo escorrendo os fluidos de um prazer SEU e não deles. Levantava, firme, encontrando os corpos entorpecidos de seus supostos atacantes. Tão frágeis quanto tolos, no sono profundo dos animais satisfeitos. Tão simplórios e banais que eram apenas homens.
Quantos eram? De quê importa? Eram, em matilha, o prazer de apenas uma.
Hex, de *MichaelO, no deviantART.
7 comentários:
Perfeito ao ponto de me fazer rebuscar o ar, de ver toda a cena da suposta humilhação e derrota, das sombras que tentaram domar, do soerguer da alma e do sorriso sádico a despertar. com um brilho lindo e maravilhoso de quem pode rasgar e dilacerar as almas daqueles que tentarama subjugar.
Ah! Prezados Lordes e Reis, não possuem idéia do quão próximo chegou daquilo que tentei revelar... Mas aqui me silencio, pois isso é algo que apenas teus ouvidos podem escutar.
Absolutamente excitante. Uma deliciosa fantasia.Parabens.
bjs
ana
muito lindo!
adorei
bjs
O prazer que surge em meio a humilhação e dor... o toque dolorido das mãos sádicas... o cheiro... o sabor... o prazer... o prazer descrito em tantas facetas... servidão.
*suspiro*
Que maravilha!
Realmente esse prazer numa dita ' violação' choca muitos mas ... só quem tem a ousadia de experimentar sabe o quanto pode ser bom.
Muito bom Troll.
Um misto de prazer, dor e sensações distintas, imersa e tomada por completo.Excelente texto.
Beijos e flores!!
TYR:
Toda relação de poder é via de mão dupla e as perspectivas sempre podem metamoforsear a cena em tanto mais. Não digo o q aconteça antes nem o q virá a acontecer, pois realmente não interessa.
ANA:
Todo o meio, toda a história, tantos momentos e tantas possibilidades. Sempre me fazem crer q há muito mais a se viver e entender, com o tempo.
IARA:
Bom que tenha gostado. Cada momento q aqui presenteio é para o deleite de todos.
LILITH:
servidão e Dominação.
POISON:
Pois calhou de bem perto escrevermos em termos semelhantes, não? Fico feliz que tenha gostado de meu texto, já que os seus sempre mexem comigo.
NANDA:
Bem diferente do que costumo postar, não? Como a culminação de alguns posts que venho colando aqui. Abraços e um grande beijo.
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