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sábado, 18 de abril de 2009

Rendição *coisas a 4 mãos – VII*

Por: Poisongirl e Troll

 

Existir numa inexistência, realmente, viver dos pequenos milagres, tirando leite de pedra. Quando você se convence enfim de que tudo que é real e importante é difícil, tolice maior de procurar a verdade em espelhos, em reflexos nos olhos alheios. Que fim tem o homem que aceita os grilhões do mundo e esquece de rir de si mesmo?

Curvar-se até o chão diante da inocência, ou mais além do pavimento duro, se fosse tão gasosa assim a matéria da alma que num ponto nunca definido arranca um grito ao ar quando atravessa os tais dos campos vastos, triscando balizas do tempo, lentamente, fingindo obedecer a relógios e, neste empuxo, despenhar-se junto aos dias e às promessas só pra aumentar o monturo e os escombros a seus pés.

Levantando-se enfim de olhos abertos, na certeza de que jamais os teria fechado realmente. Quando a alma vaza em lágrimas, sangue ou suor, se faz presente na liberdade fugidia. Resta somente buscar a certeza de si, não em outrem ou outrossim, mas nas próprias chagas, nas feridas que as pedras e os espinhos do caminho deixaram. E como é idiota, se crer menos ou menor pela vontade alheia ou mesmo pelo tempo! Ao alheio se sobrevive, ao tempo se perdura, tão somente. Mas não se cresce… não necessariamente.

Agora se ergue, cheio de incertezas menos estúpidas que as certezas do homem. As maiores chagas são as da inocência, essa que não se pode recuperar jamais. Os campos vastos repletos de corpos e os armários cheios de esqueletos.


End of the Innocence, de `Davenit no deviantART.

5 comentários:

Tyr Quentalë disse...

tenso. Um texto deveras tenso, composto por dois maestros da vida e das palavras.

bete disse...

eu diria denso
adorei o final.
bjs saudosos pros dois!

Sisa disse...

Já não sei qual a maior chaga. Fato é que todas as chagas doem e deixam marca. Cada uma dói a seu jeito, mas a maior delas depende de muitos fatores, inclusive onde está mais frágil antes da ferida ser aberta. Enfim... acho que ficou confuso.

Ava disse...

"Que fim tem o homem que aceita os grilhões do mundo e esquece de rir de si mesmo?"

Troll, uma frase de fazer a gente arrepiar....
Não costumamos fazer uma auto análise...
Essa é uma pergunta que todos deveriam fazer, e responder!

Seu texto todo é uma profunda reflexão do que fazemos de nós...

Beijos avassaladores!

Anônimo disse...

C:
Muitas coisas por vezes não existem para serem entendidas, realmente. Ou, e isso é o principal, são escritas para cada um ler o que lhe atingir, como lhe alcançar. ;-)

TYR:
E como gira esse mundo, senão em um duelos de tensões?

IARA:
Densidade e força, caríssima. Muito próximos.

SISA:
Confusos somos todos, quando tentamos entender e descobrir mais de tudo e de nós, não?

AVASSALADORA:
O Palácio sempre foi o lugar para onde meus pensamentos "vazam", caríssima. Um prazer imenso, tê-la por aqui compartilhando disso.