Ele cavalgava rápido, forçando sua montaria praticamente à exaustão. Não tinha escolha, não podia parar, ainda que a tempestade tornasse o galope cada vez mais difícil e perigoso. Sussurrava algumas palavras à língua da floresta, para manter o cavalo sob controle, para atiçar-lhe com a urgência que precisava correr por aquelas planícies. Agiam como um, no saltar e desviar dos obstáculos que lhes surgiam à frente e nem a mata alta ou os piores declives podia fazê-los desacelerar.
Aeglos era um elfo da fronteira sul da Floresta Negra e vivera já seus primeiros séculos. Lutou na guerra contra o mal inominável, não muitos anos antes, e agora sentia seu coração e seu sangue gelarem tanto quanto àqueles tempos sombrios, em que seu lar quase fora tomado pela magia obscura. Os longos cabelos negros, a pele não tão pálida quanto a dos Altos Elfos, as feições um pouco mais angulares e não tão andróginas. À cintura, o batedor trazia sua lâmina curta, à mão direita, a lança. Às costas, o arco com a bela corda trançada batendo contra a sela, naquele galope urgente.
Durante toda a noite, ainda que se forçasse a não parar, podia sempre ouvir os galopes atrás de si, ecoando pelas árvores e soando pelo campo aberto. E ele sabia que seu animal não agüentaria tal ritmo por muito mais tempo. Morreria de exaustão, por seu cavaleiro, mas não pararia. E àquela noite, nas bordas de um bosque esparso, Aeglos precisara parar ou sabia que não amanheceriam dando mais um passo sequer.
O vento uivava em meio às folhas e apesar de sentir-se bem, entre aquelas árvores, ele tinha o descanso interrompido por sons que não saberia dizer se realmente ouvira. As sombras naquele lugar se moviam, tornadas quase como invisíveis pela lua nova. Ele arrepiava-se e alcançava a lâmina curta à bainha, mas sua visão aguçada nada conseguia encontrar.
O soprar daquela brisa gélida trazendo um cheiro novo, em meio à floresta, e Aeglos finalmente descobria em que direção olhar, quando já era quase tarde demais. Aquele ser negro como as sombras, em suas vestes rôtas e seu respirar sibilado já se aproximava tão rapidamente que o cavalo praticamente saltou de pé, ao mesmo tempo que cada poro do corpo do elfo reagia. Era um dos Nove, e trazia a lâmina já desembainhada.
Seus pés na corrida desabalada e ainda podia ouvir os sons do animal que debatia-se, agonizando desde o golpe daquela sombra. Os silvos e aqueles gritos agudos que arranhavam-lhe os ossos, ecoando por cada pedra daquele lugar. A ferida ao braço, latejando de uma forma canhestra. Aeglos tentara se defender do primeiro golpe, apenas para perceber que lutar não era uma opção.
Precisava alcançá-los. Precisava dizer a alguém... o Andarilho Cinzento precisaria saber. Os Nove caminhavam pela Terra Média.
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Taí, eu nunca havia escrito uma fanfic (conto baseado em uma obra famosa, escrito por um fã), mas estava vendo O Senhor dos Anéis na televisão a cabo e bateu a vontade. Espero q curtam.
4 comentários:
Ai que Saudades trouxeste de minha Barda e guardiã de Arda. O conto tão bem escrito, leva-nos a correr junto com Aeglos, temer o que vem ao encalço e desejar encontrar o Andarilho Cinzento para que as notícias corram com os ventos do mal que caminha sobre a Terra-Média. ai que saudasdes me deste meu amado, de mais uma vez deitar meus olhos à floresta dourada, e até emsmo andar com cautela na floresta negra.
Obrigada pela visitinha ao meu blog. Volte sempre!!
beijos
brigada pela nova visita!
vc escreve muito bem!
aindei lendo o blog recanto das letras.
já publicou algum livro?
se não publicou deveria!
Troll,
Não sou muito adepta a esses contos de fantasia e tal, mas achei muito bem escritinho! Sempre que venho aqui acabo querendo ler algo do tipo, mas nunca me dou ao prazer de fazê-lo. Vou me esforçar mais.
Abração.
Te esperamos no Para-Raio!
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