- Não vai doer?
Ele olhava-a, ali, ajoelhado perante a moça que trazia aquele sorriso encorajador que poderia condenar um homem às conseqüências dos atos mais impensados. Por trás daqueles cabelos que se confundiam entre o castanho escuro e um ruivo como cobre, estavam os olhos de mel que o haviam levado até ali, em uma estranha devoção. Em um amor que compartilhavam e que unia-os bem mais do que poderiam ter imaginado.
- Não. Só um calafrio. Mas é gostoso...
Os olhares dos dois mantinham-se atados, como se não pudessem se desviar, ainda, e aquilo a mantinha parada, ali, vendo-o ajoelhado e tão entregue às suas palavras. O rapaz por vezes crispava os lábios, engolindo fundo o seu temor, em meio à ansiedade.
- Vai... faz logo......... eu te amo.
Fechava os olhos, deixando a cabeça pender para a frente, ajoelhado onde estava, sentado sobre os calcanhares, respirando fundo. Ela rodeava-o, observando as costas nuas do rapaz, admirando sua pele tão alva e amando-o ainda mais por tamanha confiança. Sabia o quanto ele podia temer aquele momento, mas ela sabia o que precisava fazer.
Abaixava-se, atrás dele, e as pontas de seus dedos delicadamente deslizavam pela pele exposta. Fazendo-o sentir arrepios e suspirar, com aquelas carícias. Ele sorria, ainda de olhos fechados, em meio a curtos tremores de prazer. Mas então prendia a respiração, quando as mãos dela lhe encostavam as palmas às omoplatas. Um toque não tão suave, mas quente.
- Estão aqui... esperando...
Ela mesma respirava fundo, agora, as palmas ainda firmemente sobre as omoplatas do rapaz , começando a fechar os dedos. Ele franzia o cenho, sentindo aquela força aumentar, aguardando a onda de dor que lhe percorreria o corpo. Os dedos começavam a cravar-se à pele, rasgando-a, abrindo-a.
Não havia dor... a boca se abria em um impulso, inspirando fundo, intensamente, como se há muito tivesse a cabeça sob a água. Podia sentir como aqueles dedos lhe arrancavam a pele, enquanto ela sentia o pouco sangue que deixava aquelas feridas.
- Eu te amo.
A moça murmurava, pouco antes de quase cair pra trás com o abrir repentino das asas agora libertas. Resplandeciam, brancas, projetando-se para o céu, e ao corpo dele havia uma sensação sem igual, de liberdade. Sangue ainda escorria por aquelas penas, que haviam terminado de rasgar sua prisão de carne.
Ele ofegava, ainda na mesma posição, respirando fundo, com um sorriso novo, diferente, aos lábios e os olhos ainda fechados... ela abraçava-o por trás. Firmemente. Lágrimas corriam pela face e as asas dela envolviam os dois. Sussurrava baixinho.
- Bem-vindo... Estrela da Manhã.
- ...... não foi só um calafrio.
.:: imagem de ~LiliththeSilent
5 comentários:
Às vezes vai além de um simples calafrio gostoso. A sensação é muito mais forte, mas nunca há uma dor como a que os mortais conhecem. Há um algo mais, uma sensação que toma conta de nosso corpo que nos envolve que fica marcado para sempre. Há uma liberdade difícil de descrever, um modo de perceber o que nos rodeia tão intensamente. Aos poucos perceberá que elas reagem sozinhas, que elas o protegerão, que se tornarão uma extensão de seus sentimentos e de seu corpo. Elas sempre estiveram aí, Milorde. Sempre estiveram presentes, apenas aguardando e mesmo aind tão sensíveis já o são fortes para que tornes temido aos olhos dos demais.
Seja bem-vindo adorável Caído. Pois tua luz jamais se extinguiu.
Amor e devoção, de sua Caída e amada Rainha.
lindo!!!!!!!
êxtase, desejo, liberdade, tensão e explosão, tudo num mesmo texto.
e liberdade é algo que amo.
quanto a música, já que é fã do senhor dos anéis já escutou o disco que o nigthwish fez baseado na saga? eu adoro.
abraços.
Feliz daqueles que tem a honra de conviver com anjos como vcs!
Lindo momento!!!
E maravilhosa tua musa!!!
Amo-os!!!
Obrigada!!!
Gostei, sabia?
Vim pra desejar uma Feliz Páscoa!!
Bom feriado!!
Beijos e flores!!
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