Bem-vindos à nova dimensão... seqüenciador de sonhos online.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Peçonha *silvos ao pomar*

Gosto de maçãs.

Da mordida à casca, o cortar com os dentes, o sabor.
A boca deslizando pela textura, e ela desmancha.
O doce e envolvente aroma dessa fruta venenosa.
Preenche a boca, tocando a língua, perdição e prazer.

Meus lábios no fechar sobre a vermelha pele úmida.
Perdido em devorar promessa de puro pecado.
Os dedos, o firme toque, tomar pra mim o fruto.
A beleza, tantos tons que transparecem suculência.

Hoje, não sei que bruxa foi justo àquela maçã mexer.
Mas peçonha como aquela eu nunca havia provado.
Amaldiçoada a mordida, mas abençoado é o corpo.
Vem doce veneno, tomando as forças, a me derrubar.

O chão é frio, o mármore quer gelar-me até os ossos.
Caído, sinto a respiração falhar, o peito apertando.
Por aqueles instantes, tudo parece dor e eu grito.
Quando tudo que eu quero é só uma mordida a mais.

Gosto de maçãs.

Poison__by_punkredneck
Poison, de ~punkredneck, no deviantART

9 comentários:

bete disse...

quanto mais se come, mais se vicia, mais doce é o veneno....dele adoramos morrer e reascer mil vezes!
bjs

Anônimo disse...

Saber do sabor, da textura, da peçonha, do fruto proibido, do furto do escolhido, da vontade desmedida, do peito precavido, do amor ardido.

Provar do sabor do prazer.. maçãs são boas.

Anônimo disse...

Sentir na boca a textura, o prazer... Escolher ser envenenado e fazer disso uma delícia de texto. Amei!

Sueli Maia (Mai) disse...

Excelente descição poética.
Minha experiência foi quase como pegar e morder a fruta.
Muito bom.
Abraços,

Anônimo disse...

Uma delicia essa maçã... quase tão perigosa quanto amar.

Poisongirl disse...

É um veneno que nos pega tão distraídos , que mesmo quando nos damos conta da queda , da entrega , da dor queremos mais.
E mais , e muito e tanto!...

É quando o escorpião inocula em si o próprio veneno , quando ele ouve ressoar dentro de si : MEU.

Anônimo disse...

IARA:
Morrer e renascer... renovar-se. Desconstruir-se para novas descobertas. Para juntar os mesmos pedaços de uma maneira diferente. A morte do hoje, em busca do amanhã.

FABIO:
Maçãs não são o fruto do pecado à toa. Têm em si essa capacidade de se dissolver em sabor e textura, à boca. Algo de uma delicadeza q precisa de dedicação.

MAMYS:
Sim... vc, mais q ninguém, viu essa minha escolha, não é mesmo? Delicioso finalmente ter vc por aqui, mama. Sabe q te adoro, né? Beijos.

MAI:
Deixe-se mordê-la, então. Deixa essas sensações tomarem posse, pois é nelas que crescemos além da pele. Ótimo tê-la aqui, sempre, caríssima.

FE:
Sim, essa maçã tem o poder de fazer sensações percorrerem o corpo junto com esse veneno. O aroma q impregna a pele e não dá mais paz.

POISON:
Sim... e o quão belo é esse escorpião. Que decide escalar a pele e cravar o ferrão ao peito... para diante dos olhos, decidir ele tbm envenenar-se. Essa maçã que precisou provar do veneno, para poder ir envenenar.

Bia Fernandez disse...

Sensacional.
Parece o perigo, o pecado. Saber do que está fazendo, sabendo que ele não pode fazê-lo, mas mesmo assim... ainda é o que queres, porque sente, porque há a vontade de continuar sentir.

Posso ter viajado, mas refletiu assim para mim!

Beijo!

Anônimo disse...

AIME:
Sim, caríssima, esse post fala de sentir algo. Algo tão intenso que dói, por não caber ao peito. Mas que ainda se quer sentir, mais... prolongar essa maçã, esse veneno...