É de repente, em meio à penumbra de um fim de tarde, que eu, predador, aguço os olhos. As garras reluzem o mesmo laranja que preenche o céu, quando enfim todo este jogo alcança seu clímax.
Inerte, minha presa exala seu medo, para meu faro, como se resignada a seu destino. Como se o fazendo propositalmente, para apressar o bote e conhecer o fim, de uma vez. A ansiedade já a corroendo tanto, desde o começo daquela dança. Da caçada. Pode sentir-se escorrer sem que ainda qualquer ferida lhe tenha sido traçada à pele. Não é sangue mas o cheiro é igualmente forte e preenche o ar entre nós dois. As pupilas relaxam, fechando-se, enquanto calculo o salto, cada passo, cada gesto ao seu redor.
Arisco e sádico, deixo-me tomar o brinquedo entre as garras, sentindo como se debate e contorce, sob as grandes e pesadas patas. Minhas presas à mostra, o fim se mostrando tão claramente. Cada corte, tapa e golpe preenchendo-me os ouvidos com seus suspiros e gemidos de dor e de um prazer masoquista, quase insano. Percebo naqueles olhos o quanto ela cresce, em seu papel, ao admitir sua entrega de forma tão plena, deixando-se tomar por cada capricho de meu lamber de beiços. Caçador e caça compreendendo-se plenamente apenas no fim de todo o jogo, quando a troca de olhares diz mais do que qualquer um poderia verbalizar, frente a frente.
Posso sentir, em meio ao sadismo de meus caninos cravados à presa ainda viva, como meus instintos borbulham, querendo vir me tomar. Delicio-me no terror daqueles olhos que não me condenam. Só me reafirmam. Os gemidos da gazela abatida vindo a mim como juras de devoção. Como o desejo daquela morte, da libertação, nesse gesto. O sangue que corre por baixo da pele, entre meus dentes, tão cheio de adrenalina quanto o meu.
Aos poucos, a presa vai perdendo seus movimentos. Vai sendo privada de seus sentidos. Até que se torne nada mais que alimento, totalmente inerte. É quando meus instintos enfim me tomam. Quando não há mente que suporte tamanha rendição e dessa forma a minha se desliga. Na explosão que segue, perdem-se os limites, as barreiras... rasgo-lhe pele, em meio ao devorar, o sadismo ajudando a saciar a fome. Um bote de tapas, puxões, do agarrar, da dor... a entrega, enfim, é plena, pois é de ambos: minha presa a mim e a minha ao momento. A caça ganha de volta a vida, tentando expressá-la em gritos e gemidos indefiníveis entre dor e prazer. A servidão explode nos dois corpos, mas de maneiras bem diferentes...
Pele, suor, dor, prazer, olhares... cada palavra e cada gesto... tudo é apenas meu. No gesto e conseqüência de uma submissão que empresto a ela, para que exista.
Tiger by ~LordMeltdown, on deviantART.
6 comentários:
uau!
intenso, sensual, forte...
adorei!
bjs
Hei de concordar com a Iara.
Quão intenso é este bote, que traz à presa uma entrega completa de total submissão a seu predador. Quão delicioso é o gosto de sangue e o frenesi que toma conta daquele que abate, enquanto a vítima em um último resquício de "vida" tenta ainda mostrar algo mais.. tenta se "livrar" do bote que a faz ficar em dúvidas se acata de vez a seu abate ou se ainda luta por um momento que seja.
Ah! Meu caro Lorde que domina este castelo ao lado do Rei. Quão poderoso é seu domínio nas linhas que aqui descreves.
A Este Anjo, resta apenas o sorriso e o esperar de suas próximas palavras que serão marcadas a ferro quente às paredes deste Castelo.
hj to serm tempinho de ler td, mas vim agradecer a sua visita... volte sempre!!!
:)
Assim é complicado!
Essa entregas são tão detalhadas , tão intensas que já não é só na presa que certas coisas passam a escorrer...delicioso caro Troll.
rs!
adorei poison!
iara em momento pitaco.wbxsfd
IARA:
É a intensidade de um momento único, entre dois seres que se conhecem em bem mais do q apenas carícias e toques. É essa coisa de pele, de suor, de dor e prazer... mas prazer de verdade, o prazer entregue, que se molda a cada desejo.
TYR:
Marcadas a ferro quente essas palavras estarão sempre, às paredes do castelo e à mente de quem as conhece em mais do que texto. Como é reservado tão somente a quem se faz merecer o olhar do Predador, sobre si.
MEY:
Não precisa agradecer, é sempre um prazer ir passar os olhos por suas palavras, caríssima.
POISON:
Pois se não é de certa forma vingança deste Troll, que meus textos a afetem assim, caríssima poison. Feitiço contra a feiticeira, pois no passar de olhos por seus textos quem se deixa respirar mais fundo sou eu.
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