Bem-vindos à nova dimensão... seqüenciador de sonhos online.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Beija-flor *murmúrios do jardim dos sátiros*

"Pétalas de rosa". Era meio tarde para aquela constatação, mas enfim eu conseguia definir-lhe os lábios. Teria sido a melhor coisa a sussurrar logo depois do primeiro, até do segundo beijo. Mas a mente só havia chegado lá após tantos outros. Pareceria forçado, então deixei a imagem morrer em minha mente e simplesmente continuei aquele abraço tão delongado.

"Você está de blusa lilás". O melhor, imbatível, foi a expressão dela, reagindo àquela frase, ainda no celular. De alguma forma, eu havia ido em desvantagem estratégica. Sem fotos, sem sequer uma descrição esforçada, para buscar em meio à multidão. Ela tinha visto fotos, conhecia meus olhos e aquele sorriso 'marromenos' das típicas fotos forçadas. E no entanto lá estava, caminhando com toda a urgência de encontrar algo em volta, sentindo-se acuada em ser reconhecida. "OK, cadê você?"

Agora, aquele momento parecia distante o suficiente para ter fugido mesmo à memória recente. Os dois nos havíamos sentado ao restaurante e concordado em um ponto interessante: não havia fome. Ao menos por nada do cardápio. Aqueles olhos me diziam tudo o que precisavam, em meio a uma conversa até meio tolinha, mais com jeito de passatempo do que para dizer qualquer coisa realmente sagaz ou impressionante. As cantadas vinham em farpas de significados, dos dois lados e sobre a mesa decantava a ladainha de quem sente que poderia estar usando melhor seu tempo. Goles do refrigerante ajudavam a descer um pouco toda a ansiedade entalada à garganta.

Quanto tempo se havia passado? Perdido naqueles momentos, eu comecei a esquecer de olhar o relógio à tela do celular. Meus olhos se ocupavam em muito mais. Percorriam aquela pele em carícias, sentiam o pescoço macio arrepiando-se, tocando-o como se fossem meus lábios, deslizando para os cabelos, como dedos. Podia ouvi-la suspirar, enquanto essas carícias olhavam-na aos ombros, em breves lambidas e mordidas mais lascivas. Os braços, o entrelaçar de dedos, aquele colo com jeito tão acolhedor. Mas deixei o olhar demorar-se em acariciar aqueles seios. Ela notava e sorria, com jeito de safada, ajeitava o decote como se convidasse a me perder ali. Podia sentir o quanto e como eu a tocava, mesmo em meio ao local tão cheio e os dois ainda tão vestidos. Ruborizava, mais porque era uma reação graciosa e provocante do que por vergonha. Aquele colo... as coxas pressionando firmes contra a calça, marcadas, cheias de promessas escondidas. Eu poderia tomá-la com o olhar, mas fora roubado em meus instintos, para um novo beijo, tão intenso que por um breve momento deixei a mão brincar como os olhos e arrancar suspiros mais intensos e um rubor genuíno.

Aquele olhar, no entanto, certamente jamais faria jus ao desejo que agora meus dedos expressavam. A chegada ao quarto, tão afoita, os beijos perderam quaisquer travas e agora explodiam aos lábios, em mordidas, lambidas e deslizares. Escapavam às bordas dos lábios, como se um prestes a devorar o outro, enquanto os dedos percorriam aquela pele macia, já insinuando-se por sob as roupas, no rompante de arrancá-las e expor-lhe a pele. Os seios fartos deixando de decorar o vão da blusa para sentir as carícias tão firmes, os dedos em toques e apertos e os lábios mais que suspiros. Jogando-a por sobre a cama, deixo-me percorrê-la toda, agora nua, e sinto aquele corpo entregue como minha presa... os lábios e a língua já apressados, indo juntar-se aos dedos que a sentem por completo. Aquele calor, a umidade, e o aroma de sexo me inebria. Meus lábios melando-se como os de criança que se refestela em doces. A boca sente aquele outro toque, ainda mais macio que antes e agora repleto de orvalho. O sorriso matreiro desponta e olho-a.

- Pétalas de rosa. - e ela sabia, de meu sorriso, que nada seria mais delicioso que violar a beleza daquela flor. E me olhava, vadia, implorando para ser despetalada.

Blood_Rose

11 comentários:

Tyr Quentalë disse...

Rebuscando o ar e sentindo um calor tomar conta de meu corpo, conseguiste me fazer desejar, me fazer sentir parte deste cenário todo. Ah! como possuis tamanho dom, de nos inserir em seus texto, nos fazendo sentir os sabores, odores e o contato com a pele quente das personagens encontradas em seus contos.
Deliciosamente perigoso esse teu texto, meu caro Rei.

Anônimo disse...

vc sabe usar o dom das letras a seu favor, principalmente com esse texto. Instigante!

bete disse...

nossa deliciosamente arrebatador....
agora vou ali tomar uma água e um banho gelado...rs
bjs

Nanda Nascimento disse...

O desconhecido é realmente instigante, ainda mais quando estamos em desvantagem. O texto, as flores, o desenrolar da história tudo está em perfeita sintonia.

Beijos e flores!

Poisongirl disse...

Sério , estranho isso.
I got you under my skin...

Anônimo disse...

TYR:
E existem textos melhores que os realmente perigosos, minha cara? Aqueles que nos envolvem tanto que nos sentimos perder e ir além, em meio às linhas?

BABI:
Muito obrigado, caríssima, adoro vê-la por aqui e é saboroso poder agradá-la.

IARA:
Cuidado com esse banhos, hein... nunca se sabe quem pode querer tomar junto e fazer questão.

NANDA:
Acho q não vale usar das palavras se não para provocar algo de uma reação, qualquer q seja. Motivo, aliás, pq tbm adoro seus textos.

POISON:
Don't you know you fool you never can win. *rs*

Sisa disse...

Troll, como te disse antes, este texto ficou lindo e delicado. Não sei como você pode sequer imaginar que alguém fosse ver vulgaridade nele.
Concordo com a Babi que disse que você tem o dom das palavras.
Beijo suave, como seu texto.

Flávia disse...

Delícia de texto, delícia de flor, delícia de...

Beijos ;)

Anônimo disse...

SISA:
Fico muito feliz que tenhas gostado, caríssima. Este acabou se tornando um texto bem querido, meu.

FLAVIA:
Me apaixonei por essas reticiências, isso pode? ;-)

Van disse...

Afff!
Que delícia!
.......

=)))))

Anônimo disse...

VAN:
Caríssima, é uma imensa honra tê-la caminhando pelos corredores do Palácio. Seja bem-vinda, sempre, e fico muito feliz que tenhas gostado deste velado relato. *rs*